Pequenos apontamentos sobre o Sínodo e sobre a Igreja que se quer sinodal
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30.10.2023
Reflectir com o Sínodo
A longo das quase quatro semanas que o Sínodo durou, publiquei aqui, neste espaço – neste “blog” -, apontamentos daquilo que eu mesmo ia reflectindo ao tentar saber e seguir o que se estava a passar em Roma. Não estive em Roma. A “discrição” e “confidencialidade” que foram decretadas para os trabalhos do Sínodo não permitiam às agências noticiosas nem aos jornalistas que se deslocaram a Roma acompanhar em detalhe os trabalhos do Sínodo. Mesmo assim alguma coisa ia passando. O “Instrumentum Laboris” estava à disposição. A agenda de trabalhos foi dada a conhecer no início do sínodo. Os encontros de alguns participantes com os jornalistas depois de cada grande tema permitiam saber um poucio mais. Aqui e ali havia comentários e reflexões. Tudo isso me possibilitou seguir “de longe” o Sínodo e tomar as notas que aqui publiquei.
Confesso que, se não fosse este projecto pessoal de fazer um apontamento diário , não me teria dado ao trabalho de conhecer em pormenor o “Instrumentum Laboris”. Fiquei espantado com a quantidade e a diversidade de perguntas que foram preparadas para facilitar a reflexão e conduzir a partilha e a escuta dos participantes do Sínodo. Procurei dar também a minha resposta a uma ou outra pergunta, das que mais me “atraíram”.
Agora temos à dsposição o “documento de síntese“. O texto pode desiludir um pouco, sim. Porque tem pouco de concreto. Mas – como comentava Thomas Söding, um teólogo alemão a participar no Sínodo como “perito”, e que várias citei, porque eram preciosas as notas diárias que dele nos chegavam por e-mail – “o processo é mais importante do que o texto”. No Sínodo, assistimos ao melhor de um processo em curso, de alcance difícil de prever: uma Igreja que se quer sinodal, a todos os seus níveis. E esse processo sinodal já „vai no adro“. Imparável. A minoria de bispos que tentou travar deu conta de que não conseguia. Veremos agora o que vai acontecer quando o processo sinodal se pretender alargar por aí, por essas dioceses e “vigararias”, paróquias e comunidades…
Não sei bem quantas leitoras, quantos leitores me seguiram ao longo destas quatro semanas. Espero que tenha ajudado um pouco a reflectir com o Sínodo – e que tenha despertado interesse em continuar a empenhar-se numa Igreja mais sinodal, mais participada, mais de “todos” (palavra de Francisco, Bispo de Roma, que tanto ressoou nas JMJ de Lisboa).
Creio que o apontamento de hoje será o último desta série.
Joaquim Nunes