Pequenos apontamentos sobre o Sínodo e sobre a Igreja que se quer sinodal
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24.10.2023
Dar voz à unidade e à diversidade
O sínodo entrou na sua última fase. Hoje a grande maioria dos participantes teve livre… Uma voltinha pelas lojas de Roma ou para visitar aquilo que todos vão ver a Roma (o Coliseu ou a praça de Espanha) também faz bem… Mas, para a comissão encarregada de redigir a “síntese” das intervenções e relatórios dos grupos de trabalho do Sínodo assim como a „Carta ao Povo de Deus“, o dia de hoje foi de trabalho intenso. Trata-se – no dizer de Thomas Söding – de formular “afirmações” sobre temas em que o Instrumentum Laboris tinha interrogações. Afirmações que procurarão ser formuladas de modo a ser aceites pela maioria. Que o maior número possível se identifique com elas. Em 2024, algumas dessas afirmações passarão então a decisões.
Na redacção dessas „afirmações“, uma das maiores dificuldades vai ser a de conciliar a diversidade e a unidade. Deixar vivsível a diversidade de perspectivas e velocidades a que as Igrejas locais avançam nos diferentes lugares e continentes e a preocupação com a grande unidade que a todos compromete e que constitui um dom tão precioso na Igreja Católica.
“Facto é que em diversas situações da Igreja Católica há diferentes impulsos de mudança, que se manifestam naturalmente de modo diferente na América Latina, na Austrália, na Europa ou no sul da Africa. A maioria compreende isto. Importante será agora que não se pretenda que todos batam passo ao mesmo ritmo, mas que se encontre uma forma inteligente de conseguir responder a esta questão: como é que vamos continuar em união, mesmo se em algumas questões vamos em direcções diferentes ou na mesma direcção mas a velocidades desiguais?“ (Prof. Thomas Söding, teólogo alemão, perito do Sínodo, em entrevista à Rádio Vaticano 23.10)
Todos caminhamos e prcuramos caminhar juntos (isto é, unidos na mesma fé e na mesma procura de futuro para esta nossa Igreja). Mas porque haveríamos de caminhar todos ao mesmo ritmo e ver as questões sob a mesma perspectiva? Questões que numa determinada latitude podem ser urgentes, não terão a mesma urgência noutras paragens. Mas essa diversidade de perspectiva e de velocidade não pode bloquear a Igreja e impedir que se avance lá onde é urgente avançar e se respeite o „status quo“ lá onde a situação actual não exige ou não parece exigir grandes mudanças.
A Igreja é católica – universal – mas já deixou de ser romana há muito tempo… Isso terá de reflectir-se nas afirmações do Sínodo..